quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

CARTA A MÃE ÁFRICA


GOG

música: CARTA A MÃE ÁFRICA


É preciso ter pés firmes no chão
Sentir as forças vindas dos céus, da missão...
Dos seios da mãe África e do coração
É hora de escrever entre a razão e a emoção
Mãe! Aqui crescemos sub-nutridos de amor
A distância de ti, o doloroso chicote do feitor...
Nos tornou! Algo nunca imaginavel, imprevisível
E isso nos trouxe um desconforto horrível
As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora...
Evoluiram para a prisão da mente agora
Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual
Continua caso raro ascensão social
Tudo igual, só que de maneira diferente
A trapaça mudou de cara, segue impunemente
As senzalas são as anti-salas das delegacias
Corredores lotados por seus filhos e filhas...
Hum! Verdadeiras ilhas, grandes naufrágios
A falsa abolição fez vários estragos
Fez acreditarem em racismo ao contrário
Num cenário de estações rumo ao calvário
Heróis brancos, destruidores de quilombos
Usurpadores de sonhos, seguem reinando...
Mesmo separado de ti pelo Atlântico
Minha trilha são seis românticos cantos
Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços
Que não me viu nascer, nem meus primeiros passos
O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto
Por aqui de ti falam muito pouco
E penso... Qual foi o erro cometido?
Por que fizeram com agente isso?
O plano fica claro... É o nosso sumisso
O que querem os partidários, os visionários disso
Eis a qüestão...
A maioria da população tem guetofobia
Anormalia sem vacinação.
E o pior, a triste constatação:
Muitos irmãos, patrocinam o vilão...
De várias formas, oportunistas, sem perceber
Pelo alimento, fome, sede de poder
E o que menos querem ser e parecer...
Alguém que lembre, no visual você.

A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra

Os tiros ouvidos aqui vêm de todos os lados
Mas não se pode seguir aqui agachado
É por instinto que levanto o sangue Panto-Nagô...
E em meio ao bombardeio
Reconheço quem sou, e vou...
Mesmo ferido, ao fronte, ao combate
E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce
Pois minha face delata ao mundo o que quero:
Voltar para casa, viver meus dias sem terno
Eterno! É o tempo atual, na moral
No mural vedem uma democracia racial
E os pretos, os negros, afro-descendentes...
Passaram a ser obedientes, afro-convenientes.
Nos jornais, entrevistas nas revistas
Alguns de nós, quando expõem seus pontos de vista
Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos
E eu penso como os dias tem sido dolorosos
E rancorosos, maldosos muitos são,
Quando falamos numa miníma reparação:
-Ações afirmativas, inclusão, cotas?!
-O opressor ameaça recalçar as botas..
Nos mergulharam numa grande confusão
Racismo não existe e sim uma social exclusão
Mas sei fazer bem a diferenciação
Sofro pela cor, o patrão e o padrão
E a miscigenação, tema polémico no gueto
Relação do branco, do índio com preto
Fator que atrasou ainda mais a auto-estima:
-Tem cabelo liso, mas olha o nariz da menina
O espelho na favela após a novela é o divã
Onde o parceiro sonha em ser galã
Onde a garota viaja...
Quer ser atriz em vez de meretriz
Onde a lágrima corre como num chafariz
Quem diz! Que este povo foi um dia unido
E que um plano o trouxe para um lugar desconhecido
Hoje amado (Ah! muito amado..), são mais de quinhentos anos
Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos
Mãe! Sou fruto do seu sangue, das suas entranhas
O sistema me marcou, mas não me arrebanha
O predador errou quando pensou que o amor estanca
Amo e sou amado no exílio por uma mãe branca

A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra

Nelson Mandela envia carta a Obama


Mandela diz que Obama é a "nova voz da esperança"

JOHANESBURGO (Reuters) - Nelson Mandela afirmou nesta terça-feira que Barack Obama é a "nova voz da esperança" para o mundo e comparou a posse do primeiro presidente negro dos Estados Unidos com a histórica transição da África do Sul para a democracia.
Em carta entregue a Obama antes da cerimônia de posse desta terça, o ex-líder sul-africano e ícone antiapartheid cumprimentou o novo presidente pelo momento "realmente histórico" para os EUA e o mundo.
"Hoje, de alguma forma, lembramos o entusiasmo e animação em nosso próprio país no momento da nossa transição para a democracia", escreveu Mandela na carta, divulgada nesta terça.
"As pessoas, não apenas em nosso país mas ao redor do mundo, foram inspiradas a acreditar que a injustiça pode ser superada através do trabalho humano, e que juntos podemos alcançar uma vida melhor para todos."
Mandela, que conduziu a África do Sul na luta contra o racismo e se tornou um ícone global pela liberdade, disse que a eleição de Obama "inspirou as pessoas como em poucas ocasiões nos últimos tempos".
"Você, senhor presidente, trouxe uma nova voz de esperança para que esses problemas sejam resolvidos, e que nós podemos de fato mudar o mundo e torná-lo um lugar melhor."
Mandela disse ainda estar especialmente "animado e orgulhoso", como muitos outros africanos, devido aos laços de Obama com o continente -- seu pai era negro e queniano.
"Você sempre será lembrado com afeto como um homem jovem que ousou sonhar e perseguir este sonho", disse Mandela.
(Reportagem de Rebecca Harrison)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Estratégias de manipulação.

Estratégias de manipulação.
Por Sylvain Timsit.

1- A estratégia da diversão.
Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mutações decididas pelas elites políticas e econômicas, graças a um dilúvio contínuo de distrações e informações insignificantes.
A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.
"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais" (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas")

2- Criar problemas, depois oferecer soluções.
Este método também é denominado "problema – reação - solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reação do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise econômica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia do esbatimento.
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Foi deste modo que condições socioeconômicas radicalmente novas foram impostas durante os anos 1980 e 1990. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.

4- A estratégia do deferimento.
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. A seguir, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
Exemplo recente: a passagem ao Euro e a perda da soberania monetária e econômica foram aceites pelos países europeus em 1994-95 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais do FTAA (Free Trade Agreement of the Americas) que os EUA impuseram em 2001 aos países do continente americano ainda reticentes, concedendo uma aplicação diferida para 2005.

5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas.
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Exemplo típico: a campanha da TV francesa pela passagem ao Euro ("os dias euro"). Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adota um tom infantilizante. Por quê?
"Se dirige-se a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reação tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas")

6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão.
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para curtocircuitar a análise racional e, portanto, o sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar idéias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...

7- Manter o público na ignorância e no disparate.
Atuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas")

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade.
Encorajar o público a considerar "fixe" o fato de ser idiota, vulgar e inculto…

9- Substituir a revolta pela culpabilidade.
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto-desvaloriza e auto - culpabiliza, o que engendra um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem ação, não há revolução!...

10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios.
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio. Isto significa que na maioria dos casos o sistema detém um maior controle e um maior poder sobre os indivíduos do que os próprios indivíduos.
"MATERIA RETIRADA DO SITE http://luizbicalho.wordpress.com/"

Justiça


Desde cedo todos nós somos ensinados a buscar e a esperar pela justiça. Tanto a bíblia como a escola ensinam que a justiça é parte essencial do mundo. E, no estado burguês, a justiça tem nome, existe um poder (Poder Judiciário) e todos são ensinados a respeita-lo. É o ultimo local onde se buscam os direitos, dizem todos. E até os ditados populares ensinam a respeitá-la: “a justiça tarda mas não falha”.

Entretanto, na vida real, as coisas não se passam bem assim. O Ministro Marco Aurélio, explicando ter soltado um banqueiro que fugiu para a Itália (Cacciolli) declarou: “todos tem o direito a fugir”. Todos? Claro, para um banqueiro rico e poderoso, este direito é fácil de ser exercido. Para o operário que ocupa uma fábrica e é retirado a força pela polícia federal, como fugir? Como fugir da fome e da miséria do dia a dia nas favelas? Como fugir quando o BOPE invade uma favela e mata a torto e a direito? Sim, até mesmo na imoralidade do nosso Santo Ministro, o direito vale para a burguesia e não vale para a classe operária.

Aliás, justiça é o que todos gostariam que o Senado fizesse, cassando Renan Calheiros. Mas, como um Senado onde a quase maioria dos seus membros é acusado em processos de corrupção na justiça comum vai cassar um dos “seus” por…corrupção? Os brados dos pequeno burgueses que exigem que o Senado se livre de sua banda podre não pode atenuar a situação: há uma linha estreita ligando Marco Aurélio, ministro do Supremo Tribunal Federal e Renan Calheiros. Há uma linha estreita que liga a burguesia a defender os seus e a atacar a classe operária. Uma linha que liga os que aplaudem a tortura do BOPE como meio de investigação nas favelas no filme Tropa de Elite e os que justificam Marco Aurélio.

Justiça. É o que reclamam os operários que vem seus salários rebaixados. Afinal, neste momento de “recuperação” econômica, as estatísticas mostram que o salário médio baixou nos últimos 12 meses. Aumentou o emprego, diminuiu o salário médio, aumentou o lucro.

Justiça. É o que reclamam os que não tem terra, quando uma comissão de senadores consegue paralisar a fiscalização do trabalho escravo reclamando de “demasiada rigidez”. Afinal, fiscalizar fazendas no Pará, fiscalizar fazendas em SP que empregam catadores de laranja com salário abaixo do mínimo é ser “demasiado rígido”, é ser “injusto com quem produz” (os donos das fazendas, coitados, que empregam trabalhadores miseráveis..)

Sim, a justiça para a burguesia é simples: a liberdade de comerciar, de explorar, de vender e comprar, seja o que for: o corpo da menina criança na praia de Copacabana, a vida do lavrador convertido em escravo, o voto de um senador, a moral de um Marco Aurélio que adora conceder liberdade a quem tem “o direito de fugir”.

As greves que ressurgem, nos Correios, nas metalúrgicas de Curitiba, a campanha salarial dos bancários, tudo isto mostra que só existe um caminho para se obter justiça para os pobres: a organização e a luta da classe operária, que pode um dia destruir estes “podres poderes” da burguesia e conseguir uma verdadeira justiça operária.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

COMUNICAÇÃO RACIAL- albúm:Só Quem é




Download
banda:Confronto
música:Santuário das Almas

Santuário das Almas.
Somos corpos sem alma. Guerreiros sem pátria!
Espíritos das senzalas. Nutridos de Rancor e mágoa!
Ardem às feridas, dobram-se os joelhos, vem à morte... Enfim a paz.
Rastejamos, imploramos, sem voz e sem chance.
Assim tombaram os meus iguais.

Eleva-se o inimigo (demônio), ergue-se o império.
Deploram em meus ouvidos, murmuram os espíritos.
Ainda sentem as correntes, facões, chicotadas... Grilhões.

Necrópole dos sonhos. Favelas. Quilombos.
Reencarnação da dor, morada da miséria!
Labirinto das desgraças!

Periferia... santuário das almas!!

Guardiões dos grandes montes...
Somos a reencarnação da dor
E o ódio é a luz que nos guia pelas sombras do esquecimento.
Rastejamos entre o descaso estatal e as correntes do capital.
Queremos ser e viver livres!
Pés fincados na terra, Amor pela favela.
Reduto das nossas esperanças... Lar das nossas fraquezas...
Santuário das Almas.
AUXILIAR DE LIMPEZA GANHA INDENIZAÇÃO POR DISCRMINAÇÃO RACIAL Retirado do site Memes Jurídico. Matéria que já tem um tempo, mas merece ser postada.

“Essa negra, para vir trabalhar, está doente, mas para pular carnaval está boa.” Esta foi apenas uma das muitas atitudes discriminatórias, cometidas de forma explícita ou velada por um preposto, que levaram a Justiça do Trabalho a condenar a Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FACCAT), da cidade de Taquara (RS), a pagar indenização de R$ 3 mil a uma auxiliar de limpeza, por dano moral pela prática de racismo. A condenação foi confirmada pela 5ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que rejeitou recurso de revista da fundação na sessão de julgamento da última quarta-feira (19/11). “Muito me admira que ainda se tenha que decidir litígios por conta dessa espécie de comportamento – retrógrado, ultrapassado, desrespeitoso, que atinge a dignidade da pessoa”, assinalou o presidente da 5º Turma, ministro Brito Pereira. O relator, ministro Emmanoel Pereira, lembrou que o julgamento ocorria na véspera do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20.
Na inicial, a trabalhadora informa ter sido sistematicamente perseguida por seu chefe, que sempre se dirigia a ela “chamando-a de ‘negra’ com ar de deboche”. Quando era mandada para outro setor, o chefe informava aos demais funcionários: “vem uma negra trabalhar contigo”. Os depoimentos colhidos na fase de instrução do processo, pela 3ª Vara do Trabalho de Taquara, delinearam um quadro inquestionável para todas as instâncias pelas quais o processo tramitou. O funcionário acusado de racismo, segundo todas as testemunhas ouvidas, fazia piadas depreciativas, comentava sobre negros de forma preconceituosa, chamava a auxiliar de limpeza de “negrona” e colocava defeitos em seu serviço – defeitos que os próprios colegas afirmaram não existir. “A situação de humilhação chegou ao extremo que levou a empregada a registrar ocorrência policial”, afirmou seu advogado.
A primeira reação da trabalhadora foi pedir uma reunião com o diretor da escola, na qual, em lágrimas, explicou a situação, diante dos colegas da limpeza e do funcionário acusado de destratá-la. Segundo ela e as demais testemunhas ouvidas, o chefe, ao invés de receber pelo menos uma advertência ou reprovação, foi louvado e teve sua conduta considerada insuspeita, por ter “vestido a camisa da FACCAP”. Ao fim da reunião, o funcionário disse a uma das testemunhas: “Essa negrinha tentou me derrubar, mas não conseguiu.”
O passo seguinte foi, então, o ajuizamento da reclamação trabalhista que resultou na condenação da fundação educacional, mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS). Ao recorrer mais uma vez, agora por meio de recurso de revista ao TST, a FACCAT sustentou que os elementos caracterizadores do dano moral não foram provados nos autos, pois os depoimentos tratavam apenas de “comentários de corredores e boatos genéricos”. Alegou ainda haver contradição entre as testemunhas e a própria empregada, que admitiu nunca ter ouvido as piadas ofensivas.
Para o ministro Emmanoel Pereira, as provas colhidas demonstraram, à exaustão, a ocorrência do dano à imagem e à honra da trabalhadora, mediante ato perpetrado pelo preposto da fundação. Os depoimentos revelaram que várias pessoas presenciavam o empregado praticando atos discriminatórios e atacando a raça negra e a auxiliar de limpeza em particular. “O fato de eventualmente a trabalhadora nunca ter ouvido uma piada depreciativa em nada torna menos lesiva a conduta”, afirmou o relator. “O fato de falar mal e parar de falar quando da aproximação do ofendido não retira a gravidade da conduta e pode até aumentá-la, por constituir atitude dissimulatória com vista também a aumentar o sofrimento da pessoa, que sequer poderia se manifestar, ante a atitude velada e covarde do preposto da empresa”, concluiu, afirmando que a condenação da empresa, em vez de contrariar, “emprestou plena efetividade” ao artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, que trata da inviolabilidade do direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. (RR 823/2006-383-04-00.0)